Leitura Crítica de Filmes Feito pelo Blogueiro


Filme: Voltando a Viver

Tudo começou com a morte do meu amigo ou alter ego externo que já mencionei em outro texto aqui. Depois desse evento recebi uma mensagem incorpóres que me instruiu a buscar em mim o que eu via nele. Então, entendi que eu deveria levar mais a sério a terapia.

No decorrer desse processo percebi que meu inconsciente coletou tanto de coisas boas quanto ruins da minha família. Até que aos poucos suspeitei de que havia também acomodado algo mais que até então permanecia oculto de todos.  

Algum tempo depois, cheguei à seguinte hipótese: atualmente, muitos negros brasileiros ainda vivem na Escravidão. Ou seja, ocorreu aqui no Brasil apenas a Abolição decretada pelo governo brasileiro. Já aquela que ficou no inconsciente coletivo se estende até aos dias atuais.

Mas, essa a que me referirei neste não foi afetada por essa medida legal. Na verdade, ela não sobreviveu, mas também vinha sendo transferida para alguns descendentes daqueles escravos libertos. Senti que ela ainda estava viva dentro de mim. É o que tentarei explicar de alguma forma neste texto.

No início imaginei que ela provinha apenas do lado paterno, pois meu pai descende de uma família negra do Interior Paulista. Com base que foi apurado pelo meu pai, nossos antepassados viveram por vários séculos num pedaço de chão.

Também sei que a matriarca, a minha bisavó paterna morou a vida todo lá. Então, suspeitei que aquele ambiente bucólico afastado do ambiente urbano propiciou o conservantismo daquele fenômeno psicossocial.

Então, passei a ser um divulgador dessa minha teoria particular. É claro que muita gente duvidou e ainda desconfia de que não falo algo sério. Mas, pouco tenho me importado com isso. A partir daí eu sabia que, pelo menos para mim, a Escravidão estava com os seus dias contados.

Veja só como é que funciona a tal coincidência dos fatos em nossa vida. Num domingo qualquer do ano de 2009 visitei uma prima materna aqui em Sampa. Ela nasceu e vive aqui na capital. Findo o almoço ela me chamou para irmos até a sala, pois nós assistiríamos a um filme e só. Em seguida, sentei no sofá e me ajeitei, pois ficaria naquele local por mais de 90 minutos. Aí esperei, despreocupadamente, as primeiras cenas.

Então vi que um marinheiro negro, cuja característica mais exacerbada nele era a valentia. Até que um dia, depois de tanta confusão em que ele se me meteu, ele foi enquadrado pelos seus superiores. Não havia escapatória, ou ele participaria de algumas sessões com um terapeuta que foi escolhido à revelia. Caso ele descumprisse aquela ordem, ele estaria fora da corporação na próxima briga em que ele se envolvesse. 

A princípio o marinheiro não gostou daquela medida. E, demonstrou o velho preconceito de que a psicologia era destinada aos loucos. O terapeuta foi interpretado por Denzel Washington. 

O valentão foi à primeira sessão. Depois a segunda e não acontece praticamente nada. Mas da terceira em diante foram sendo reveladas inúmeras questões psicológicas que provocavam aquelas atitudes. A medida que as sessões aconteciam ele compreendia que o passado dela era a fonte geradora daqueles comportamentos agressivos.

Lá pelas tantas, o valentão questionou o seu terapeuta sobre o que realmente havia acontecido no passado dele. Então, seu terapeuta explicou: que ele havia sofrido as mesmas torturas que  foram aplicados aos escravos na época da escravidão nos Estados Unidos.

Logo saquei semelhanças entre a tela e a realidade. Fiquei surpreso, ao me deparar de supetão com aquele filme que resumiu algo que eu havia especulado. No final do filme terminou, minha prima me questionou se eu havia "chupado" algo daquela história para criar o meu conceito? Neguei, pois aquele havia sido o meu primeiro contato com aquela obra.

Na sequência, minha prima me disse que ela se deparou com aquele  filme sem querer. E depois de vê-lo, não teve como não se lembrar das minhas palavras. Depois ela refletiu o que vira na tela e olhou para si e conclui que ela também trazia aquilo dentro de si.

Aqui já deu para perceber que algumas bases que sustentavam a minha hipótese “caíram por terra.” Ou seja, a minha prima não viveu num ambiente rural. E também ela pertencia ao meu ramo familiar materno. Desde então, não parei de aprimorar este conceito e seus efeitos e sequelas na minha vida.

Estes dias mesmo meditei mais uma sobre a Escravidão. E, tentei encontrar pistas para tentar explicar por quais razões ela se mantém viva. Bem, já sabemos que pela minha teoria partícular que ela nasceu da violência aplicada aos escravos pelos seus donos (incluo aqui brancos e negros). O que me chamou à atenção é por qual motivo nenhum abusado denunciou isso até hoje aquilo com veemência como eu tenho feito?

Primeiro, pela ignorância mesmo, já que as gerações passadas das minhas famílias, mal conheceram um banco escolar. Então, isso deve ter gerado uma impressão de que aquilo era algo natural. Dessa forma, o abusado na impossibilidade de devolver agressão ao seu agressor, vê duas saídas: uma delas é a vingança e a outra é a morte     ou a fuga (aqui em todos os sentidos).

No primeiro caso, o individuo mais fraco ou mais ignorante ou vai sendo abusado e doutrinado pelos “valentões” e “valentonas” dos seus núcleos familiares interno e externo. Não é de hoje que desconfio que o abusador mais tapado de todos, é o do tipo “dupla-face”. É comum que essa pessoa receba sempre dos demais uma forma de tratamento de distinção. E, que indiretamente pode ser indicativa até de fraqueza espiritual. É o famoso “coitado”.

Mas, por outro lado, ele também é o mais cruel e mais perigoso de todos. Já que essa criatura se mostrar dócil e adorável para os demais. Faz de tudo para apresentar sua pele de anjo para os estranhos. Ele representa o exemplo a ser seguido pelos outros. Mas, seus adoradores mal sabem o porrete que ele esconde para controlar os seus.

Então, o abusador se regozija com a avalanche dessas palavras “malditas”. Quanto mais intensas, é um termômetro de que ele deve continuar a sua jornada de catequisador. De que ele deve perseverar na sua "guerra santa" purificadora.

Então, o que restava ao abusado diante deste quadro aterrador, senão o de engolir a seco aquilo tudo dentro de si, por uns tempos. Isso formava dentro dele camadas e mais camadas de mágoas. Mas, o que muitos não sabem é que com o tempo isso virá ressentimento.

E aí em muitos casos, nem isso ele não pode ser direcionado a que o criou. Então, parte dos meus familiares só consegue algum alívio espiritual por meio da vingança. Ela recai sobre os que são dependentes dos abusadores de indiscriminada podem ser os próprios pais, irmãos, filhos. Ou sobre os novos membros que entram nesse campo minado via casamento.

Nesta última situação, ilustrarei o caso dos meus avôs paternos. Essa história me foi revelada pela minha falecida vó materna que após um almoço familiar resolveu desabafar. De supetão, ela disse que nos explicaria por que alguns dos filhos mentiam deliberadamente.

Segundo, minha avó, ela, o pai e mais duas irmãs moravam numa cidade vizinha do local onde cresci. Eles levavam uma vida tranquila. De repente, meu avô apareceu na vida dela e começou a cortejá-la.

Algum tempo depois meu avô pediu a mão da minha avó. Coincidentemente, nessa época meu bisavô havia comprado um terreno em Sampa. E, ele estava ansioso para construir uma casa para mudar para lá.

Só que a minha avó também tinha planos vir para a capital. Ela relutou o quanto pode a contrair esse casamento. Mas, no final ela acatou a vontade do pai. Houve então uma espécie implícita de um acordo pré-nupcial entre o meu avô e o meu bisavô.

Bem, tenho tomado o cuidado de relatar as coisas que foram ditas pela minha própria avó naquela reunião familiar. Já que o pretendente foi tão eficaz na sua mentira que o meu bisavô então só enxergou cifras. 

Ainda, segundo a minha vó, um dia, um conhecido em comum tanto do meu avô quanto o meu bisavô desmascarou a trama. De imediato, esta pessoa disse para o meu bisavô: “coitada da sua filha”. Meu bisavô então tomou um susto. Em seguida, perguntou ao conhecido o porquê daquela afirmação melancólica.

Então, o cara explicou que o meu avô carregou nas tintas quando descreveu a vida dele. Na verdade, o sítio existia sim. Mas, os familiares do meu avô viviam em casas de pau a pique. Além disso, praticavam uma agricultura de subsistência. Nada de muito moderno e sem toda aquela pompa.

Na sequência, a minha avó nos disse que na época, quando dava entrada nos papéis de um casório, não havia como parar o processo, como é hoje. O casamento deveria acontecer na marra. Depois, ela nos disse que meu avô manteve o vício de mentir para as pessoas. E a ladainha era sempre a mesma.

Nesse momento, a minha mãe interrompeu a narração. Ela quis saber qual era a postura da minha avó quanto o meu avô mentia para os outros. Em seguida, minha avó disse que ela ficava quieta.

Nesse momento, recordei que muitas pessoas me abordaram no meio da rua da cidade onde cresci. Elas sempre queriam que eu confirmasse todas as mentiras que meus tios paterno contavam. Outro dado curioso é que eles são, justamente, os caçulas que pouco conviveram com o meu avô. Já que ele morreu (fugiu) cedo. 

Além disso, notei que nessas vezes eu ouvia tudo aquilo eu também ficava calado. Então, cheguei à conclusão de que eu também era mentiroso. Só que o do tipo passivo tal qual a minha avó assim o foi em alguns momentos da vida. 

Ou seja, encontrei nos membros vivos duas faces do mesmo sentimento. E, muitos não rompem, pois sempre há por trás um medo de sofrer alguma represália. Isso, eu ilustrarei  com outro acontecimento da minha família paterna. 

Meu avô sempre foi uma pessoa muito simples. Ele trabalhou a maior parte da vida para uma senhora vizinha do sítio dos meus antepassados. Algum tempo qualquer ele se mudou com a família para uma casa pertencia à patroa dele, a alguns metros da casa desta.

Meu pai era um garoto. Numa época qualquer meu pai foi trabalhar com uma tia na coleta de marolo ou ariticum. Não sei por quais motivos, ou como isso aconteceu, mas só sei que essa minha tia acusou o meu pai de ter roubado o dinheiro da venda desses produtos. 

Quando o meu avô soube disso, ele imediatamente pegou uma faca. Depois avançou em meu pai para matá-lo. O ato não aconteceu. Mas, até hoje meu pai tem uma marca na testa de um golpe que meu avô acertou a testa dele. E meu pai sempre conta está história sempre chora. 

Algum momento qualquer houve uma desavença familiar (uma história longa). Resultado: o meu avô foi despedido do trabalho. A situação foi tão desastrosa que meus avós tiveram que tentar a vida em outro município.

Lá, ao invés do meu avô pensar consigo mesmo que a partir daquele momento ele poderia cuidar da própria vida da forma que ele queria. Da mesma forma com a esposa e filhos, já que havia mais interferências de familiares. Ele morreu (fugiu) de desgosto por ter se afastado da cidade onde ele nasceu. Enquanto, isso a minha vó ficou com 08 crianças para criar. 

Hoje sou capaz de ver que meu avô paterno possuía uma grande presença arquetípica do valentão. Para matar, bater, violentar ele estava preparado. Mas, não teve a coragem de mudar o seu estilo de vida quando estava fora do cativeiro. E ser resilente quando há uma colisão inesperada com algum iceberg.

A ruptura, ou melhor, a libertação espiritual também não acontece, por outros motivos. Ao longo dos anos, foi criada uma estrutura hierárquica em que todos são criados para temerem ou os seus pais. Ou um patriarca ou uma matriarca. 

Para esses detentores do poder ninguém pode dizer o que sente ou que pensa ou possa demonstrar que odeia um primo ou prima ou tio etc. Ninguém pode discordar dele. Caso eu tenha direito a uma herança, valentão ou valentona se torna o obstáculo para impedir o meu direito. E, o pior é que essa criatura tem um grande prazer nisso.   

Foi só recentemente, entendi o papel da morte tanto no meu íntimo quanto para a minha família. Já que para muitos é a solução (ou a fuga) da influência do valentão/opressor. 

Tenho observado com a morte de alguns anciãos nos últimos anos, o esgarçamento silencioso dos núcleos familiares. Já que a união anterior era de fachada. E com o apagar da chama do tirano ou tirana. O asfaltar é uma forma de alívio espiritual. 

Ou seja, os irmãos se reunião apenas para não ofender a mãe, a tia, o avó. Quando esta figura desaparece aos poucos as pessoas se afastam. Já que todos guardam mágoas do período do "tirano" anterior. 

Agora entendo que há anos eu tinha o costume de sonhar com raios que matavam pessoas e outras tragédias. Já que eu não poderia manifestar o meu ressentimento infantil direcionado aos meus pais e parentes. 

Ou seja, eu não segui o exemplo prático do meu avô que tentou matar o meu pai. Eu mantive escondido dentro de mim esse desejo oculto. 

Também vejo que não posso ter sido um garoto muito esperto no passado. Mas, sou e continuo a ser o membro lúcido de ambas as famílias nesta geração. Já que um tio paterno que também compartilhava comigo esta qualidade. Mas, infelizmente ele morreu antes mesmo de eu nascer.

Por isso, o meu inconsciente me informou que o meu ambiente familiar era claudicante. Quase tudo estava sendo direcionado para o lado sombra dos meus arquétipos. 

Ou seja, hoje concluo que vivi num Asilo de Arkaham, aquele em que Batman deposita seus inimigos insanos. E, além disso, entendi a razão pela qual sempre desejei sair de casa, o mais rápido possível. Coisa que consegui quando passei no vestibular aos 20 anos.

Além disso, sempre me lembro das palavras que meu próprio pai nos dirigia quando crianças. E, hoje sei que elas por trás dela havia o intuito de me tornar um retardado mental igual a ele. Isso sempre acontecia quando eu e meus irmãos fazíamos alguma traquinagem em casa: "o que estou criando em casa: burro, idiota".

Cooperação é uma palavra inexistente no dicionário da Escravidão, já que sempre alguns retardados têm inveja dos seus próprios filhos. Com isso, não há um ambiente saudável de cumplicidade, amizade, etc. Os verbos principais são: ameaçar, vingar e matar.

Farei mais uma inter-relação da história que contei em outra local entre eu e meu orientador. E como eu controlei um impulso furioso.

Agora já sei que isso vem do meu próprio pai. Ele sempre demonstrou não ter autocontrole. E, esse comportamento sempre se manifestou quando tentávamos conversar com ele sobre algum assunto importante.

Logo após a nossa explanação, ele sempre reagia de forma explosiva. Ele quebrava tudo que estava na frente. Ele não se importava se poderia cortar as mãos. Agora me vem à cabeça que quando ele perdia a cabeça com os animais ela também fazia a mesma coisa. Lembro-me dele espancar cavalo com socos. 

Ainda, creio que posso ir só um pouquinho mais além neste relato sem ser chato demais. Quem tiver coragem é só pesquisar nos meus relatos onde cito a presença de uma força estranha que aparece quando eu seguro porcos para serem abatidos. Isso é uma coisa que  também sinto na realidade desde criança.

Então, a razão de hoje me ver tanto em sonhos como na realidade um cara meio "bundão". E todo isso eu levei para a minha vida profissional e particular. Recentemente, vi uma situação semelhante numa empresa que sou novato. Lá tem um motorista que tem mais anos de casa. E ele tem tentado me prejudicar. Já notei que ele tem alguma antipatia espiritual comigo. E quando há alguma coisa que ele tenha que fazer que beneficia o grupo, ele não faz porque também. 

Tenho meditado sobre isso, e já sei que terei que me impor ainda mais. Já que agora a maior parte do grupo percebeu isso. Então como eu li no livro do Rei, caso a pessoa não desempenhe direito a figura do Rei, ele será deposto. O rei morreu! Viva o Rei.

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